quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Anvisa quer acabar com venda de inibidores de apetite


Anvisa pretende acabar com a venda de inibidores de apetite no Brasil. Endocrinologistas são contra as restrições e argumentam que a prescrição deve ser feita caso a caso, a partir da avaliação de riscos e benefícios.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer cancelar o registro de medicamentos inibidores de apetite que atuam no sistema nervoso central. Estão no alvo do órgão os remédios que contém a substância “sibutramina” e os chamados “anorexígenos anfetamínicos”: anfepramona, femproporex e mazindol.

A Agência defende a retirada desses medicamentos, utilizados em tratamento para obesidade, alegando riscos à saúde dos pacientes. Na quarta-feira (23), o órgão realiza audiência pública em Brasília para discutir o assunto.

De acordo com Maria Eugênia Curi, chefe do núcleo de investigação em vigilância sanitária da Anvisa, testes clínicos internacionais comprovaram efeitos como a baixa eficiência dos medicamentos e o risco de problemas cardiovasculares e de hipertensão pulmonar relacionados ao uso.

“Não são efeitos pontuais como enjoo, por exemplo. A conclusão é que tem uma equação que não fecha. Estamos vendendo ilusão aos pacientes”, comenta Eugênia sobre a eficiência dos inibidores a serem banidos.

Ela cita ainda que quase todas as agências sanitárias do mundo retiraram do mercado medicamentos à base de “sibutramina” e o Brasil é um dos únicos países a permitir o uso dos “anorexígenos anfetamínicos”.

Contraposição
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) já havia se manifestado contra às restrições ao uso da “sibutramina” que em outubro de 2010 passou de faixa vermelha a preta.

O professor da Faculdade de Medicina da UFC e doutor em Endocrinologia, Renan Montenegro Júnior, avalia que os inibidores devem ser mantidos e a decisão de uso cabe ao julgamento médico quanto a risco e benefícios. “Considerando a elevada prevalência de obesidade e sobrepeso, acredito que a diminuição do arsenal terapêutico para o combate a essas enfermidades não trará ganhos para a saúde da nossa população”, argumenta.

Segundo a diretora do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão, Adriana Forti, os inibidores são utilizados apenas em casos específicos pacientes obesos com compulsão alimentar.

“Vai ficar complicado. A obesidade é uma epidemia e é difícil trabalhar sem inibidor de apetites”, pontua. A endocrinologista lembra ainda os riscos que “fórmulas” vendidas como remédios homeopáticos podem trazer à saúde.

ENTENDA A NOTÍCIA
Mais da metade da população brasileira adulta tem obesidade ou sobrepeso. Anvisa aponta riscos à saúde de pacientes que fazem uso de inibidores de apetite, mas endocrinologistas argumentam que apenas esses medicamentos têm ação no sistema nervoso central.

Como funcionam os inibidores de apetite

A “sibutamina” age no cérebro aumentando os níveis de serotonina e noradrenalina, substâncias que atuam no sistema nervoso central levando ao aumento de saciedade e diminuição do apetite.

A antepramona (dietilpropiona), o femproporex e o mazindol são medicamentos que também agem no sistema nervoso central, diminuindo o apetite.

Há no mercado ainda o “orlistate”, opção para o tratamento visando a perda de peso. Apesar de seguro, apresenta alguns efeitos colaterais ue limitam o uso em alguns pacientes. Tem ação diferente dos demais e não os substitui.

Fonte: O POVO

até breve

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