Da criação de peixes ao Pré-sal

As pesquisas desenvolvidas no Labomar estão muito mais próximas da nossa realidade do que se imagina. Um exemplo é a criação em cativeiro de peixes, como cioba e ariacó. E a reprodução de cavalos marinhos, que poderão ser utilizados no Acquario Ceará.

As pesquisas não param. É o motor que impulsiona o Labomar dia e noite. Atualmente, entre os diversos estudos realizados, a criação de peixes de água salgada em cativeiro se destaca. Quem não gosta de comer na praia uma cioba frita com batatas fritas? Ou se deliciar com um pargo na época da Semana Santa, quando grande parte da população, por causa da forte tradição católica, evita comer carne vermelha? Por isso, os pesquisadores do Labomar escolheram criar os chamados “peixes vermelhos” para reprodução em cativeiro.

Além disso, eram animais que estavam escassos na natureza. “Quando se pesca muito, o estoque não recompõe. A cioba, por exemplo, até o ano passado estava ameaçada a entrar em extinção”, explica o engenheiro de pesca, Rossi Lelis, estudante de doutorado do Labomar, que trabalha com a reprodução dos peixes em cativeiro, sob orientação do professor Manuel Furtado. A ideia da pesquisa é reproduzir a cioba e o ariacó em cativeiro. Ou seja, desenvolver a aquicultura, que é a criação de organismos marinhos, com o objetivo de aumentar a produtividade dos ambientes em que vivem. Se der certo, entra em cena os projetos de extensão. O conhecimento será passado para os pequenos pescadores, evitando, dessa forma, a pesca predatória.

Com o trabalho iniciado em 2005, no Centro de Estudos Ambientais Costeiros do Labomar (Ceac), no Eusébio, a equipe conseguiu reproduzir, até o momento, os primeiros ariacós. Com isso, de acordo com Lelis, o Labomar se torna o primeiro centro de pesquisa do Brasil a fazer a reprodução de ariacós em cativeiro. “Em Pernambuco, era feita a reprodução de beijupirá, mas acabou. Hoje somos os únicos a reproduzir peixes de água salgada. Pelo menos, não há publicação nesse sentido”. As ciobas ainda não conseguiram ser reproduzidas. A expectativa é de que o Labomar passe a trabalhar também com a reprodução do pargo e do robalo.

Todos esses peixes criados para o consumo humano também podem ser aproveitados para o futuro Acquario Ceará, projeto do Governo do Estado. Segundo Lelis, esses animais podem ser usados como peixes ornamentais no aquário para fazer grandes cardumes. Além disso, no Ceac, já estão sendo reproduzidos os primeiros cavalos marinhos, peixes ornamentais de alto valor. “O Acquario pode gerar uma cadeia produtiva de aquicultura familiar. A ideia é que o pescador possa capturar o peixe ornamental, cultivar (reproduzir) e vender para o aquário”, explica o professor Manuel Furtado.

Pré-sal

O monitoramento da exploração dos grandes depósitos de petróleo, que ficam no fundo do mar, conta com a participação do Labomar. Por meio do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello da Petrobras (Cenps), oito professores, oito servidores técnico-administrativos e cerca de 25 estudantes, entre graduação e pós-graduação, junto com outras universidades do País, estão envolvidos no monitoramento realizado no Espírito Santo (MG) e no norte da bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A orientação é do professor Luís Parente.

“Nós calculamos o impacto da intervenção. Eles começam a furar os poços e a gente vai monitorando e dizendo o que precisa ser feito. Por enquanto, os poços estão em fase de desenvolvimento. Isso dura cerca de três, quatro anos, até começar efetivamente a produzir bem”, explica Parente. Os pesquisadores daqui, conforme relata o professor, vão periodicamente até os locais de exploração e, depois de um tempo, retornam com as amostras para analisar. O navio, doado pela Receita Federal, e inaugurado no último dia 8, vai servir de apoio na coleta de amostras no Espírito Santo. (Gabriela Meneses)

FRASES

É fundamental na formação de profissionais em ciências do mar. é também uma referência quando se trata de pesca, aquicultura e impactos ambientais”.
Manuel Murtado, diretor do Labomar

Do labomar é que a gente pode desenvolver uma pesquisa aplicada e capacitar as pessoas a usarem os recursos de uma forma que não venha degradar o ambiente”
Luís Parente Maia, vice-diretor do Labomar

Dos trabalhos e dos profissionais envolvidos em todo esse tempo fizeram do Labomar um instituto de referência em
todo o brasil”.
Danielle Sequeira Garcez, professora do Labomar e vice-coordenadora do curso de ciências ambientais

De laboratórios no Labomar nos dá uma boa visão de que caminho podemos seguir, já que nossa área é multidisciplinar.nosso desafio é a falta de espaço”.
Ingra Belmino, 19, estudante da primeira turma de ciências ambientais do Labomar

Fonte: O Povo

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