sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aumenta pressão para Palocci se explicar


permanecer em silêncio alimenta suspeitas de irregularidades

o ministro prestou serviços a doador de campanha de Dilma


O governo da presidente Dilma Rousseff deseja continuar a apoiar o silêncio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, mas ficou bem maior a pressão para que ele forneça mais dados sobre seus negócios nos últimos 4 anos.

A Folha de hoje (20.maio.2011) mostra que a empresa Projeto, de Palocci, faturou R$ 20 milhões no ano passado, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República.

Além dessa reveladora reportagem da jornalista Catia Seabra, a Folha também noticia que uma empreiteira com negócios públicos, a WTorre, contratou a empresa de Palocci. Texto de Rubens Valente, Andreza Matais e José Ernesto Credencio informa que essa empreiteira “também fez doações de campanha a Palocci (R$ 119 mil), em 2006, e a Dilma Rousseff (R$ 2 milhões), no ano passado”.

Há outro aspecto obscuro na relação Palocci-WTorre. Em nota oficial, a construtora “confirma ter contratado a Projeto para prestar consultoria num assunto corporativo, a respeito do qual a empresa se reserva o direito de não comentar”.

Tudo considerado:

•Palocci faturou R$ 20 milhões em 2010 dando consultoria para empresas;
•2010 era ano eleitoral e (pelo menos) um cliente de Palocci doou dinheiro para Dilma Rousseff;
•a WTorre, cliente de Palocci e doadora da campanha de Dilma, tem negócios com o governo;
•em fevereiro de 2010, a WTorre vendeu o complexo WTorre Nações Unidas, em São Paulo, para a Previ –fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil;
•a WTorre também tem negócios com os fundos de pensão Petros, dos funcionários da Petrobras, e Funcef, da Caixa Econômica Federal.


Não existe uma lei no Brasil que impeça um deputado federal (como era Palocci de 2007 a 2010) de ter uma empresa de consultoria. Mas esse tipo de trabalho fica sob suspeição se os clientes do deputado têm negócios diretos com o governo. Pior ainda se o deputado está ao mesmo tempo arrecadando dinheiro desses mesmos clientes para a próxima presidente da República. E mais polêmico de tudo: se esse deputado se torna o ministro mais poderoso do governo logo depois de todas essas operações.


É um erro e uma injustiça julgar alguém sem ter conhecimento completo de um fato. Eis aí a razão para Palocci apresentar mais dados. Se permanecer em silêncio, as suspeitas sobre eventuais irregularidades só vão aumentar.

Por Fernando Rodrigues

Fonte: UOL

até breve

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