Por Augusto Nunes
Nascida em 1937, a União Nacional dos Estudantes foi presidida até o fim dos anos 60 por nacionalistas, udenistas, socialistas, comunistas ortodoxos e partidários da luta armada. Mas nunca pertenceu a qualquer partido ou organização. Fosse qual fosse a identidade ideológica do presidente ou da diretoria, a UNE sempre procurou traduzir o pensamento majoritário do universo que representava. Descontados os inevitáveis acidentes de percurso, opções equivocadas e erros bisonhos, prevaleceram na longa e bela trajetória da entidade a independência política, a vocação antigovernista, o amor à democracia e a paixão pela liberdade.
Orientada por tais marcas de nascença, a UNE combateu o Estado Novo, defendeu nas ruas a entrada do Brasil na guerra contra o totalitarismo nazista, lutou pela ressurreição do regime democrático, ajudou a apressar a criação da Petrobras, apoiou as reformas planejadas pelo governo João Goulart, opôs-se ao golpe militar de 1964 e resistiu à institucionalização da ditadura, consumada pela decretação do AI-5. Depois de sobreviver a adversidades de bom tamanho, sucumbiu à ação conjunta da cabeça de José Dirceu e da mão pesada do regime autoritário.
Em 1968, encarregado de organizar o congresso da UNE, o futuro guerrilheiro de festim resolveu juntar mais de 1.000 universitários perto de uma cidade com menos de 10 mil habitantes. A Polícia Militar completou o serviço e prendeu todo mundo. O desmaio da UNE se estendeu até 1985, quando acordou do sono e emergiu da clandestinidade para agonizar à luz do dia. Perdeu a independência em 1980, quando o agora deputado federal Aldo Rebelo assumiu a presidência e reduziu a UNE a um apêndice do Partido Comunista do Brasil. Perdeu a vergonha em 2002, quando foi incluída no contrato de aluguel assinado pelo presidente Lula e pelos chefes do PCdoB.
Aos 74 anos, a velha senhora caiu na vida e perdeu o direito de continuar usando o nome outrora respeitável. Numa das mais movimentadas enquetes da história da coluna, 3.290 leitores-eleitores resolveram que a UNE não existe mais. Por decisão de 1.047 votantes (32% do total), nasceu a União Nacional dos Estudantes Amestrados. A UNEA e o governo se merecem.
Fonte: veja
até breve
Nascida em 1937, a União Nacional dos Estudantes foi presidida até o fim dos anos 60 por nacionalistas, udenistas, socialistas, comunistas ortodoxos e partidários da luta armada. Mas nunca pertenceu a qualquer partido ou organização. Fosse qual fosse a identidade ideológica do presidente ou da diretoria, a UNE sempre procurou traduzir o pensamento majoritário do universo que representava. Descontados os inevitáveis acidentes de percurso, opções equivocadas e erros bisonhos, prevaleceram na longa e bela trajetória da entidade a independência política, a vocação antigovernista, o amor à democracia e a paixão pela liberdade.
Orientada por tais marcas de nascença, a UNE combateu o Estado Novo, defendeu nas ruas a entrada do Brasil na guerra contra o totalitarismo nazista, lutou pela ressurreição do regime democrático, ajudou a apressar a criação da Petrobras, apoiou as reformas planejadas pelo governo João Goulart, opôs-se ao golpe militar de 1964 e resistiu à institucionalização da ditadura, consumada pela decretação do AI-5. Depois de sobreviver a adversidades de bom tamanho, sucumbiu à ação conjunta da cabeça de José Dirceu e da mão pesada do regime autoritário.
Em 1968, encarregado de organizar o congresso da UNE, o futuro guerrilheiro de festim resolveu juntar mais de 1.000 universitários perto de uma cidade com menos de 10 mil habitantes. A Polícia Militar completou o serviço e prendeu todo mundo. O desmaio da UNE se estendeu até 1985, quando acordou do sono e emergiu da clandestinidade para agonizar à luz do dia. Perdeu a independência em 1980, quando o agora deputado federal Aldo Rebelo assumiu a presidência e reduziu a UNE a um apêndice do Partido Comunista do Brasil. Perdeu a vergonha em 2002, quando foi incluída no contrato de aluguel assinado pelo presidente Lula e pelos chefes do PCdoB.
Aos 74 anos, a velha senhora caiu na vida e perdeu o direito de continuar usando o nome outrora respeitável. Numa das mais movimentadas enquetes da história da coluna, 3.290 leitores-eleitores resolveram que a UNE não existe mais. Por decisão de 1.047 votantes (32% do total), nasceu a União Nacional dos Estudantes Amestrados. A UNEA e o governo se merecem.
Fonte: veja
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