quarta-feira, 13 de julho de 2011

A presidente em seu labirinto


Luiz Antônio Pagot é uma bomba com alto poder destrutivo, comprovou o artigo do jornalista Ricardo Noblat publicado na seção Feira Livre. O detonador não foi acionado durante o depoimento no Senado nesta terça-feira. Mas o petardo não foi desativado, avisam os recados em código embutidos no falatório de cinco horas. Demitido há 10 dias pelo então ministro Alfredo Nascimento, por ordem da presidente Dilma Rousseff, Pagot lembrou mais de uma vez que continua na direção geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Em vez de esvaziar o gabinete, resolveu desafiar a chefe de governo com a ideia de sair de férias.

“Se nada for provado contra ele durante as férias, acho que a presidente deveria mantê-lo no cargo”, emendou o senador Blairo Maggi, que apadrinhou a nomeação de Pagot para o comando do DNIT. Dilma já bateu em retirada ao aceitar que o PR seguisse controlando o Ministério dos Transportes. Se ceder à chantagem, revogar uma decisão irrevogável e devolver ao empregão o vigarista atrevido, terá renunciado no sétimo mês do mandato ao exercício efetivo da chefia de governo. Se resistir aos chantagistas e consumar a demissão do pecador, poderá precipitar a detonação da bomba suficientemente poderosa para reeditar o escândalo do mensalão.

Os quadrilheiros do PR não são as únicas criaturas do pântano que começa no Ministério dos Transportes e pode terminar no caixa da campanha presidencial de 2010. Nele também chafurdam figurões de partidos alugados, Altos Companheiros do PT, cardeais do Congresso e ministros de Estado. Por conhecer as abjeções com as quais divide o vasto território, por saber quem são e o que fizeram, Pagot pode acabar escancarando o mensalão de Dilma. A reedição mal paginada de Roberto Jefferson talvez seja menos letal que a matriz. Mas a sucessora é muito mais frágil que Lula.

Ambas de altíssimo risco, as opções oferecidas atestam que Dilma foi confrontada mais cedo do que se imaginava com o monstro gerado por oito anos de patifarias toleradas ou estimuladas pelo governo. Primeiro como ministra, depois como principal parceira de Lula na construção do Brasil Maravilha, ajudou a institucionalizar a impunidade dos bandidos de estimação ─ muitas vezes como cúmplice, outras tantas como protagonista. Quem se mete com uma Erenice Guerra, por exemplo, não escapa da péssima companhia sem pecados a omitir, sem cadáveres trancados no armário. Acuados, os integrantes de alianças forjada no esgoto da política brasileira se lembrarão subitamente da fábrica de dossiês, da conversa com Lina Vieira, das bandalheiras promovidas por Erenice e seus filhotes.

Dilma é prisioneira de aliados fora-da-lei e do próprio passado. O Brasil é governado por uma presidente em seu labirinto.

Fonte: veja

até breve

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