quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ENSINO REPROVADO


A média mundial de repetência no Ensino Fundamental é de 2,9%. No Brasil, é de 18,7%. O abandono escolar no primeiro ano da educação básica tem uma média de 2,2% no mundo, mas no Brasil chega a 13,8%. Estes dados, que fazem parte de um relatório da Unesco intitulado Educação para Todos, são extremamente negativos para a educação do país, num momento em que o Brasil e o mundo consideram-na fator fundamental para o progresso social e o desenvolvimento econômico. O esforço brasileiro para universalizar o Ensino Fundamental e eliminar o analfabetismo, que teve êxito parcial desde os anos 90, não foi suficiente para eliminar alguns fatores que barram a expansão e a qualificação do ensino. É exatamente na qualidade da educação, fator citado no relatório da Unesco, que está um dos maiores obstáculos aos avanços brasileiros. A Unesco, que é o órgão da ONU voltado para a educação, ciência e cultura, usa quatro metas quantificáveis para medir os avanços no ensino. Em três deles, o Brasil conseguiu progressos e registra níveis altos: atendimento universal, igualdade de gêneros e alfabetização. Mas no quarto, que mede o percentual de crianças que ultrapassam o quinto ano, os índices são muito baixos, como consequência de repetência e evasão. Em relação específica à qualidade do ensino, a Unesco aponta entre as causas a precariedade da estrutura física das escolas e o número baixo de horas em sala de aula. Quando a carga horária recomendada é de seis horas diárias no mínimo, os estudantes brasileiros do Ensino Fundamental têm 4,5 horas e os do Ensino Médio, 4,3 horas.

Por dados como esses é que o relatório da Unesco permite que se identifiquem algumas das causas por que o Brasil está relegado à 88ª posição num ranking que mede índice de desenvolvimento da educação no mundo e que levou em conta a situação de 128 países. No ranking, que é liderado pela Noruega, o Brasil está perfilado atrás de países como Honduras, Equador e Paraguai, por exemplo, e muito atrás de Cuba, Argentina e Uruguai, que são os melhores latino-americanos. Além das causas referidas, o relatório aponta fatos significativos, como o de que 17,8 mil escolas brasileiras, a maioria da zona rural, não têm energia elétrica. Aponta também carências mais generalizadas, como a de que só 37% das escolas dispõem de biblioteca.

O estudo da Unesco é, por isso, mais uma ferramenta para os planejadores brasileiros da educação. E é também mais um alerta. As crianças que abandonam a escola antes do quinto ano podem ser consideradas, num sentido amplo, analfabetos funcionais, que não terão a educação como diferencial para enfrentar a vida e ajudar o país a crescer. A questão da qualidade não se resume apenas a uma opção por mais investimentos no aperfeiçoamento das condições materiais das escolas, no processo de avaliação ou na melhoria dos salários dos docentes. É preciso muitíssimo mais. A educação continuará sendo o mais importante desafio brasileiro desta geração.

Fonte: Zero Hora.
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