quarta-feira, 4 de maio de 2011

Distorção cambial ameaça o pré-sal




No momento, a cúpula da Petrobras está em Houston, nos Estados Unidos, participando da maior feira mundial de prospecção de petróleo no mar, a OTC (Offshore Technology Conference). Os números brasileiros lá chamam a atenção, pois são todos grandiosos. Hoje, o pré-sal contribui com 100 mil barris diários de petróleo e, em 2017, esse número será multiplicado por dez. Até lá, a Petrobras pretende instalar 13 unidades de produção no mar do pré-sal. O pré-sal é, ao mesmo tempo, uma grande riqueza e um grande desafio. A mais tradicional empresa mundial de consultoria, Booz & Company, estimou em US$ 650 bilhões os gastos para execução total do projeto.

Presente a Houston, o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Carlos Barros, afirmou que as demandas do setor, no Brasil, até 2020, serão de US$ 400 bilhões. O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), Augusto Mendonça, prevê que serão necessárias 97 plataformas, 510 barcos de apoio e 49 navios, ou seja, encomendas de US$ 150 bilhões nos próximos dez anos.

O presidente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, garante que o setor está se estruturando para atender à crescente demanda e manifesta certeza de ter apoio governamental, pois esse setor industrial só opera com apoio de governo. "Apoio significa viabilização de encomendas, normas práticas e financiamento. Queremos ser competitivos no mercado externo e nem de longe pensamos em obter subsídios" - explica Rocha.

No entanto, além do Custo Brasil - que onera excessivamente os produtores nacionais - há um grande desafio a ser vencido. A constante valorização do real estimula importações e torna os produtos e serviços brasileiros gravosos. As metas de nacionalização nas obras e produtos do pré-sal estão entre 65% e 70% e os mais otimistas chegam a esperar 80%. Mas com a atual cotação valorizada do real ante dólar, euro e coroa norueguesa, os mais realistas acham difícil manter as encomendas do pré-sal no país.

Recentes estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) comprovam ser difícil ou até impossível competir com fornecedores asiáticos em geral, especialmente os chineses. O dólar chegou a valer quase R$ 4 e hoje anda por volta de R$ 1,60. Com essa disparidade, a presidente Dilma terá de tirar muitos coelhos da cartola para viabilizar obras do pré-sal no Brasil. E ninguém quer o pré-sal com plataformas de Cingapura, navios da Coréia, sondas chinesas, motores ingleses, tecnologia americana e barcos de apoio noruegueses.

Fonte: Monitor Mercantil

até breve

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