segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Rio lidera número de furtos de peças históricas


Enquanto a morosidade da liberação de verbas do PAC das Cidades Históricas emperra projetos, problemas antigos se arrastam nos municípios: vão desde a falta de conservação de fachadas a furtos em igrejas e museus. O Rio de Janeiro lidera o número de desaparecimentos de peças tombadas. Levantamento sobre o acervo de arte sacra do estado promovido pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac) nas cidades das regiões Norte, Noroeste e Baixadas Litorâneas apontou Campos dos Goytacazes como a cidade com o maior número de bens procurados: 34. O número de furtos também é grande em Cabo Frio.

O levantamento deu origem ao Inventário da Arte Sacra Fluminense, disponibilizado desde setembro na Internet e que já rendeu a recuperação de peças. Durante a catalogação, foram descobertas peças guardadas em sacristias e esquecidas em armários. Os responsáveis não tinham conhecimento do valor histórico dos bens.

- O Rio tem um grande acervo e é uma cidade portuária, que facilita a saída das peças. Nossa ideia foi tornar o acervo conhecido e trazer a comunidade para esse trabalho de preservação - explica o museólogo Rafael Azevedo, coordenador geral do inventário.

De acordo com Rafael, o inventário levou um ano para ser concluído. O ponto de partida foi um outro inventário promovido nos anos de 1794 e 1795 pelo Monsenhor Pizarro, religioso encarregado de vistoriar as igrejas católicas. O trabalho foi republicado e as peças apresentadas nas obras procuradas pelos pesquisadores. No ano que vem, a busca, identificação e catalogação das peças sacras fluminenses se estenderão para as cidades do Médio Paraíba e das regiões Sul, Serrana, Costa Verde e Metropolitana. Após a etapa, o Inepac pretende fazer o levantamento das coleções particulares.

Os furtos têm feito igrejas centenárias a manter suas portas fechadas. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, de 1720, perdeu suas imagens originais. O retábulo da capela-mor e mais quatro laterais e anjos talhados em madeira usados na ornamentação, além de uma porta do sacrário, também foram furtados. Em Nova Iguaçu, a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe, construída em 1737, teve a portada da fachada furtada.

Em Minas, a Coordenadoria de Patrimônio Cultural do Ministério Público tem catalogados 689 bens desaparecidos. O órgão avalia que o estado já perdeu 60% dos seus tesouros sacros em razão de roubos e furtos.

Fonte: O Globo

até breve

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