quinta-feira, 11 de agosto de 2011

“Dia da Pendura”: tradição ou oportunismo?


Impossível encontrar um advogado que não participou do “Dia da Pendura”. Tradição que atravessa séculos, a comemoração teve início antes de 1900, quando o respeito pela profissão na época era tão grande que comerciantes e donos de restaurante faziam questão de bancar a conta dos estudantes de Direito nesta data.

De lá pra cá, os futuros advogados lotam bares e restaurantes para comemorar o seu dia. Naquela época, os comerciantes ficavam mais felizes e mais pobres. Atualmente, a comemoração pode acabar atrás das grades.

“Como brincadeira, acho válida. Aqueles que passarem dos limites, devem arcar com as consequencias. No meu tempo combinava com os donos de restaurantes com antecedência. Nunca tive coragem e paciência de encarar uma delegacia depois”, disse Daniel Alcântara Nastri Cerveira, do Cerveira, Dornellas e Advogados Associados.

No entanto, muitos advogados condenam a prática, efetivamente. “Acabou. Não tem mais eco na atual conjuntura socioeconômica”, afirma José Augusto Rodrigues Jr, sócio do escritório Rodrigues Jr Advogados. Atualmente o ato da pendura é feito de forma desordenada e muito vezes por pessoas que nem estudantes de direito são. Lastimável”, completa Alan Balaban, do Braga e Balaban Advogados.

“É uma tentativa criminosa de permitir que justamente os profissionais que devem colaborar para a manutenção da ordem, sejam avalizados a subvertê-la. Só num país como o Brasil é que se permite uma atitude desrespeitosa, que causa prejuízos, que traz em si a institucionalização da bagunça”, completa Ana Claudia Pastore, superintendente do Conselho Arbitral do Estado de São Paulo (CAESP).

No entendimento de Rodolfo Ramer, do Ramer Advogados, algumas pessoas transformaram a tradição em oportunismo, já que não mantém os moldes da “brincadeira”.

“Muitos vão a locais que nunca foram antes e pedem pratos carissimos. A tradição pede que o estudante seja cliente do estabelecimento e essa pendura acontece até por oferecimento do proprietário, em alguns casos. Antigamente tinha respeito”.

A estudante Camila Moreira, que está no último ano do curso de Direito da Uniban, concorda que existem abusos na comemoração da data e que, por isso, o ato tem “perdido a credibilidade anualmente, pois para o estabelecimento o dia da pendura significa prejuízo”. No entanto, a estudante não perde as esperanças na tradição.

“Acredito que a pendura não é oportunismo, mas tem que ser coerente e negociável, afinal, pedindo com jeito, podemos até não conseguir pendurar a conta inteira, mas sempre conseguimos algo, nem que seja um bom desconto ou até mesmo uma sobremesa. Pelo menos é o que acontece comigo, sempre consigo algo no dia da pendura”, comentou Camila.

Da comemoração
É comum estudantes de Direito começarem a especulação de onde farão o “Pendura” bem antes da data. Alguns fazem visitas em restaurantes para negociar a “brincadeira”. Outros preferem a surpresa.

“Tradicionalmente, quando a Pendura surgiu, ocorria apenas no dia 11 de agosto. Atualmente, os estudantes de direito comemoram durante a semana inteira”, disse Carlos Renato da Silva, do Bombini Advogados.

“O dia é de festa, uma tradição. Desde que realizada de forma sadia, tem o intuito de confraternizar”, opina Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, do Freitas Guimarães Advogados Associados.

Para alguns, o “Pendura” consiste em comer e beber, depois cantar e não pagar a conta. Outros defendem que vale apenas a comida de graça. Bebidas e serviço de garçom devem ser pagos. Tradição ou oportunismo, o “Dia do ou da Pendura” marca a agenda e a vida do estudante de Direito.

“Aqueles que durante a faculdade não fazem a Pendura brincamos que são advogados frustrados, pois fica faltando algo na formação”, finaliza Carlos Renato da Silva.

Fonte: ig

até breve

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