quinta-feira, 17 de março de 2011

Pesquisa aponta que 72% são contra recriação da CPMF para Saúde


Segundo o levantamento realizado pela CNI em parceria com o Ibope, apenas 20% das pessoas entrevistadas são a favor do retorno do tributo.

Setenta e dois por cento dos brasileiros são contra a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para o financiamento da Saúde no País, de acordo com a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira: Qualidade dos serviços públicos e tributação, divulgada nesta quarta-feira, 16, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo o levantamento realizado em parceria com o Ibope, 20% das pessoas entrevistadas são a favor do retorno do tributo. O restante não soube ou não respondeu. Apesar da grande maioria ser contrária à medida, apenas 37% dos entrevistados souberam responder o que é a CPMF. Segundo a CNI, o conhecimento é menor entre os mais jovens, os com menor escolaridade, os com menor nível de renda e os residentes na região Nordeste.

O levantamento também mostra que a maior parte da população brasileira não somente é contra a recriação da CPMF como também não gostaria do aumento de qualquer outro imposto para melhoria da saúde. Segundo a pesquisa, dois terços dos entrevistados discordam em parte ou totalmente com esta alternativa.

Da mesma forma, o brasileiro associa a má qualidade dos serviços públicos de saúde à má gestão dos recursos por parte dos governantes. Sessenta e três por cento dos entrevistados concordam totalmente com essa premissa e 18% concordam em parte. Além disso, a CPMF é vista como um imposto injusto por 75% dos entrevistados pela pesquisa.

Do total, 63% acreditam que a recriação do tributo aumentará os preços das mercadorias. Segundo a pesquisa, 45% das pessoas ouvidas veem a CPMF como um imposto que afeta somente as pessoas que têm conta bancária, enquanto 38% acreditam que afetam também a outras pessoas.

Serviços públicos

A população brasileira reprova a qualidade dos serviços públicos do País, segundo a pesquisa "Retratos da Sociedade Brasileira: Qualidade dos Serviços Públicos e Tributação", divulgada há pouco pela CNI. Segundo o levantamento realizado em parceria com o Ibope, os brasileiros aprovam apenas quatro de 12 serviços avaliados.

A pesquisa mostra que a população só está satisfeita com os fornecimentos de energia elétrica, água, iluminação pública e ensino superior. O pior resultado é o referente aos postos de saúde e hospitais, que foram reprovados por 81% dos entrevistados.

Entre os serviços que também precisam melhorar na opinião dos brasileiros ainda estão a limpeza e o transporte urbano, rodovias e estradas, conservação de ruas e avenidas, educação fundamental e ensino médio, segurança e atendimento em repartições públicas.

Segundo o levantamento, 81% dos entrevistados acreditam que, "considerando o valor dos impostos, a qualidade dos serviços públicos deveria ser melhor no Brasil". Da mesma forma, para 82% da população, o governo já arrecada o suficiente e, portanto, não precisa aumentar mais os impostos para melhorar a prestação de serviços. Além disso, 87% consideram que a carga tributária no País já é elevada e 79% revelam a percepção de que ela esteja aumentando nos últimos anos.

CNI defende 'sistema tributário transparente'

As discussões sobre a reforma tributária deveriam se concentrar em propostas para que seja criado um sistema mais claro e transparente, sem elevação da carga de impostos sobre a população, na avaliação do gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.

"Há um consenso de que é preciso haver uma melhor distribuição dos recursos existentes, ao invés de aumentar os impostos. Trata-se de uma realocação de prioridades dentro dos orçamentos públicos", disse o economista. "O que temos atualmente é o Ingana, como dizia o ex-ministro Delfim Neto: tributação da Inglaterra com a qualidade de Gana", completou.

Além disso, o levantamento mostra que grande parte da população não possui informação suficiente sobre o valor dos impostos pagos. "Muitas vezes a tributação indireta, embutida no preço dos produtos, não é percebida pelo consumidor. A transparência sobre isso faria com que a população tivesse mais conhecimento sobre o peso dos tributos e assim pudesse cobrar serviços mais adequados", acrescentou.

Castelo Branco lembrou que a CNI foi contra a continuidade da CPMF quando esta foi extinta, no fim de 2008, e mantém sua posição. "Acreditamos que é preciso melhorar a gestão dos recursos públicos e a pesquisa mostra que a população brasileira tem a mesma percepção", concluiu.

Fonte: Estadão

até breve

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